Sófia, Bulgária: os Melhores pontos turísticos e dicas de viagem

Em fevereiro de 2022, estivemos em Sófia, capital da Bulgária, por 4 dias. Muito pouco tempo diante de tanto o que a cidade tem a oferecer. Mas o suficiente para perceber que Sófia recebe bem o turista mochileiro, o viajante de luxo e gente comum, como nós, curiosa, doida para ver de perto a arquitetura e a história, para conhecer os hábitos e os costumes do povo, experimentar a culinária, ouvir a música, enfim, saber o que de especial tem o destino. E a Bulgária não economiza em beleza e simpatia. Se você ainda não foi por lá, considere esta opção como próximo destino. A Bulgária é uma grata surpresa.

Abaixo, dividimos com você o que vimos na capital búlgara, assim como dicas do que ver, de onde você pode se hospedar, o que comer e beber.

Sófia: origem do nome da cidade

A capital búlgara já se chamou Serdica, Triaditsa, Sredets, até que em 1376, passou a se chamar Sófia, para homenagear uma mulher que foi obrigada a assistir à tortura e morte de 3 filhas, no século 2. Sófia, a cidade, passou pelas mãos de muitos.

Início de Sófia

No começo, foi uma tribo serdi; em seguida, vieram Filipe II da Macedônia e seu filho, Alexandre, o Grande; mais adiante, os romanos, quando o imperador Diocleciano dividiu a cidade em duas; em 447, Sófia foi destruída pelos hunos e reconstruída pelo imperador bizantino, Justiniano; foi conquistada pelos otomanos – daí, as mesquitas, fontes e banhos turcos.

Em 1878, vieram os russos; depois, a Segunda Guerra Mundial. Com o fim da guerra, foi criada a República Popular da Bulgária. E o país ainda teve que aguentar o comunismo. Um início conturbado, mas que contribuiu com a cidade que temos hoje.

Localização

Sófia está localizada no oeste da Bulgária, nos Bálcãs, aos pés da montanha Vitosha, tem mais de 1.500.000 habitantes e muitas montanhas em torno. Trata-se de uma das capitais mais antigas da Europa, com registros do século 8 a.C. Os resquícios dessa época ainda estão expostos e convivem com a modernidade em harmonia, criando um contraste interessante, que chama a atenção dos visitantes.

Como se locomover em Sófia

A pé, como preferimos, ou de transporte público, é muito simples transitar pela cidade. Com o metrô, você chega em qualquer lugar do interesse de um turista. Ainda existem os trams e os ônibus. Mas como tudo se concentra, praticamente, no centro, locomoção não é um problema.

Sófia: como chegar

Chegamos a Sófia depois de rodar 400 quilômetros desde Belgrado, na Sérvia, por uma ótima rodovia. Mas é possível chegar de avião e trem. Do Brasil, não tem voo direto, mas a British Airways e a Turkish Airlines, entre outras, fazem o trajeto com conexão em Londres e Istambul, respectivamente.

Moeda

Acredito que levar euro ou dólar seja uma dúvida para quem vai à Bulgária. Nós levamos euro e lá, trocamos pelo Lev Búlgaro, embora o país faça parte da União Europeia. BGN 1 (1 Lev) vale 0,56 dólares ou 2,84 reais (cotação em janeiro de 2023).

Onde se hospedar em Sófia

Como sempre, sugerimos o centro da cidade, por reunir grande parte das atrações. Se você escolher um dos hotéis ou pousadas nas imediações da Vitosha Boulevard, vai estar bem no coração da cidade, com várias opções por perto.

Nós escolhemos ficar num apartamento no centro da cidade, o Sofia Central Luxury Apartment, com um quarto, uma sala, cozinha e banheiro, além de uma varanda – espaço suficiente para duas pessoas, bem dividido, com wi-fi, ar-condicionado, TV, micro-ondas e calefação, e máquina onde aproveitamos para lavar todas as nossas roupas. A proprietária, muito simpática, nos recebeu e ajudou com as malas, pois o prédio não tinha elevador. Mas recomendamos pelo ótimo custo-benefício, praticidade e localização. Para outras opções, consulte o Booking.com.

O que ver em Sófia

Para conhecer a capital búlgara, deixamos o carro em casa e saímos a pé. Acho que esta é a melhor forma de desvendar uma cidade, a não ser que estejamos numa grande metrópole, com deslocamento ruim. Ainda assim, eu me arrisco a caminhar. E foi caminhando que conhecemos os pontos turísticos abaixo.

Igrejas

Catedral de Alexander Nevsky

Este é o principal cartão postal da cidade, um templo-monumento, concluído em 1912. Trata-se da segunda maior catedral dos Bálcãs, só ficando atrás da de São Sava, em Belgrado, Sérvia. Com capacidade para mais de 5 mil fiéis, a catedral foi construída para homenagear os 200 mil soldados que morreram na guerra russo-turca, em 1877 e 1788. E o nome é um agradecimento à Rússia, pela ajuda na libertação da Bulgária do Império Otomano. A catedral tem 12 sinos que pesam, jutos, 25 toneladas e podem ser ouvidos a uma distância de 30 quilômetros.  Com 42 metros de altura, lá em cima fica a imagem de São Alexander Nevsky, protetor dos czares russos.

Igreja russa de São Nicolau

Os países que sofreram com o comunismo e socialismo são aqueles que têm mais igrejas e as mais bonitas, pode apostar. Em Sófia, não é diferente. Localizada na mesma rua da Catedral Alexander Nevsky, esta igreja, de estilo barroco moscovita, nos pegou de surpresa. Construída entre 1912 e 1914, ela tem paredes brancas, cúpulas douradas e telhado verde – uma combinação que deu certo e cativa os olhares de quem passa por ela. Contam que essa igreja foi construída para um diplomata russo que não queria rezar nas igrejas búlgaras.

Igreja Sveta Nedelya

Esta igreja do século 10, localizada no centro da cidade, está no local da antiga Igreja de Santo Rei. Sua longa história inclui um atentado terrorista em 1925, cometido pelo partido comunista búlgaro, durante o funeral de um general. Uma bomba matou em torno de 150 pessoas e feriu mais de 500. Em grande parte, políticos e militares. O alvo era o rei, mas como estava atrasado para o funeral, escapou do ataque.

Igreja Isveta Sofia

Toda de tijolinhos, por dentro e por fora, esta igreja foi fundada em torno do século 6. Neste mesmo local, funcionou um teatro romano uma necrópole e outras duas igrejas. No jardim, está o monumento do soldado desconhecido.

Igreja de Santa Petka

Esta pequena igreja se localiza no centro da cidade, nas ruínas da estação de Metrô Serdica. Construída no século 15, quando os otomanos exigiam que a altura de uma igreja não ultrapassasse um mulçumano a cavalo, a igreja conserva afrescos de períodos dos séculos 15, 17 e 19.

Rotunda de São Jorge

Escondida no prédio onde fica a presidência do país e o Hotel Sheraton, a Rotunda de São Jorge, construída pelos romanos no século 4, quando Sófia ainda era Serdica, é o edifício mais antigo da cidade. Relativamente bem conservado, ele foi uma mesquita e um mausoléu. Também foi endereço dos restos mortais de Alexander de Battemberg, o primeiro príncipe da Bulgária. Para impedir a igreja de ser vista pelo povo, o governo comunista tratou de escondê-la, construindo em torno dela, o que dificulta o acesso, mas não impede.

Mesquita Banya Bashi

Construída no século 16, esta é a única mesquita da cidade, lembrança do Império Otomano. Dizem que ela foi construída por um arquiteto que construiu mais de 80 mesquitas durante a vida e todas lindas como só os sultões sabem como concebê-las. Seu nome significa “mesquita dos banhos”. Nós não tivemos a chance de visitá-la e isso nos deixou frustrados.

Catedral Católica de São José

Embora a religião predominante no país seja a ortodoxa, existe uma pequena parte da população, católica. A Igreja de São José foi destruída na Segunda Guerra Mundial e reconstruída no período comunista. Junto com a Igreja Sveta Nedelya, a Mesquita Baya Banshi e a Sinagoga de Sófia, que ficam próximas uma das outras, são um símbolo de tolerância religiosa.

Sinagoga de Sofia

Há mais de um século, esta é a referência da comunidade judaica no país, com capacidade para 400 pessoas. Duzentas mulheres de um lado e duzentos homens de outro. Apenas no sábado ela está fechada para os turistas, por causa do Shabbat. Aberta desde 1909, a sinagoga é uma das maiores da Europa e fica ao lado do Mercado Central de Sófia e da Mesquita Banya Bashi. A sinagoga foi declarada monumento cultural em 1956.

Palácio Nacional da Cultura – NDK

Construído em 1981 para comemorar o 1300º aniversário da Bulgária, essa estrutura octogonal é um belo exemplar da arquitetura comunista, muito popular na época da construção. O espaço dispões de uma área de 123 mil metros quadrados para a realização de conferências, exposições, concertos e espetáculos, em 8 pisos e 3 andas no subsolo. O NDK já foi considerado o melhor centro de congresso do mundo.

Teatro Nacional Ivan Vazov

Este poeta e escritor é reconhecido como patriarca da literatura búlgara e empresta o nome a uma das instituições mais importantes do país: o teatro. Inaugurado em 1907, o prédio vermelho, impressiona. São 40 metros de altura, seis colunas de mármore e figuras romanas clássicas na fachada. Em 3 palcos, a extensa e diversa programação se divide durante todo o ano.

Biblioteca Nacional de São Cirilo e São Metódio

Pertinho da Catedral Alexander Nevsky, da Assembleia Nacional, da Academia Nacional de Artes e do Gabinete do Reitor da Universidade de Sófia, a biblioteca homenageia os dois santos mais venerados do país, criadores do alfabeto cirílico – um orgulho nacional – usado em mais de 20 países e 250 milhões de pessoas.

Entre os muitos artefatos, as coleções da biblioteca estão expostas como em um museu. Uma delas é a de manuscritos no idioma eslavo, dos séculos 11 ao 19 (mais de 1700 documentos). Outra é a de fotografias, mais de 80 mil fotos que contam a história e a evolução da fotografia na Europa. Uma coleção é a de antigas trilhas sonoras, em disco de vinil e fitas cassete.

Assembleia Nacional da República da Bulgária

Este prédio, de 1884, é a sede do poder legislativo, cujo parlamento foi criado em 1979. É possível visitar a Assembleia e assistir a uma sessão parlamentar. Na praça em frente, o único monumento equestre da cidade faz uma homenagem ao imperador russo, Alexander II, que libertou a Bulgária do domínio otomano. No dia que fomos visitá-la, estava havendo uma manifestação que, até hoje, não sabemos sobre o que foi.

Academia Nacional de Artes

Esta é a mais antiga academia de artes do país e consiste em 2 faculdades: a de Belas Artes e a de Artes Aplicadas, que oferecem aulas e cursos para mil alunos, alguns deles, estrangeiros. Fundada em 1896, este prédio foi construído em 1906.

Ruínas de Serdica

Perto da antiga sede do partido comunista, na Praça da Independência, estão as ruínas romanas, protegidas por um material transparente, onde fica a estação de metrô. Em torno, marcos importantes da cidade: a estátua de Santa Sofia, a Mesquita Banya Bashi, a Catedral Católica de São José e a Igreja medieval de São Petka. As ruinas foram descobertas em 2010, quando começaram as obras do metrô. E isso acontece sempre que uma nova obra tem início, na cidade. Sempre há uma chance de encontrar resquícios de séculos atrás.

Antiga sede do Partido Comunista

Este prédio majestoso, que domina a praça, bem ao estilo comunista, foi construído em 1954. Dada a sua imponência, é perceptível a menagem de poder que ele queria passar. No topo, estava a estrela vermelha, que foi transferida para a entrada do Museu de Arte Socialista de Sófia, junto com outras peças que estavam espalhadas pela cidade. Hoje, este prédio funciona como parte do parlamento, com escritórios e órgãos do governo.

Estátua de Sofia

Antes de Sofia, quem estava no topo do pedestal era Vladimir Lênin, mas a estátua do líder comunista perdeu a importância e foi devidamente transferida para o Museu de Arte Socialista, sobre o qual escrevemos um post exclusivo. Quem tomou o seu lugar foi uma estátua sexualizada de Sofia, que não agrada a muitos.

Universidade de Sófia

O lindíssimo prédio da universidade abriga a mais antiga instituição de ensino superior da Bulgária – fundada em 1888. É o único lugar no país onde a filologia portuguesa é estudada.

Museus e galerias

São muitos os museus e as galerias espalhados por Sófia, fazendo a alegria de quem aprecia a arte e a história, especialmente, do país. Abaixo, citamos alguns dos museus que tivemos o privilégio de visitar

Museu Histórico Regional de Sofia

Pintado de amarelo forte, não tem como não notar o prédio ao lado da Mesquita Banya Bashi. No início, este era o endereço dos Banhos Minerais Centrais. Sófia tem o maior número de fontes termais entre as capitais europeias – mais de 30, mas os banhos já não são mais tão populares como em Budapeste. E o prédio terminou abrigando o museu, que resguarda os costumes da região, desde a pré-história.

Museu de Arte Socialista

Este espaço, que fica um pouco distante do centro da cidade, no bairro Iztok, estão estátuas, esculturas e quadros que foram retirados da cidade, quando o comunismo chegou ao fim, no país. De mais importante, o museu abriga a estrela vermelha que ficava no topo da sede do partido comunista, e a estátua de Lenin, que ficava nas imediações da Praça da Independência – veja o paradoxo – onde hoje está a de Sofia. Sobre este museu, temos um post exclusivo.

Museu Arqueológico Nacional

Inaugurado em 1905, o museu fica na antiga mesquita Koca Mahmut Pasa Camii, um prédio otomano de 9 cúpulas, do século 14. Ali estão reunidos armas e ferramentas, mosaicos antigos, ícones religiosos e cerâmica que contam a pré-história e a história antiga do país, até o século 18.

Vistosha Boulevard

Esta é a principal rua comercial, só para pedestres, de Sófia, que começa na Praça St. Nedelya e segue até o Southem Park. O nome – Vistosha – é o mesmo da montanha ao lado da cidade, que pode ser vista no final da rua. Uma caminhada por essa avenida repleta de lojas de grife, bares, cafés e restaurantes é um dos bons programas de quem visita a cidade.

Mercados

O primeiro mercado coberto de Sófia foi inaugurado em 1911. De tão bonito e imponente, o prédio recebeu o status de monumento cultural de importância nacional, em 1955. Ainda assim, por ser uma propriedade privada, ele foi vendido a uma empresa alemã. Mas o povo e o governo estão lutando por ele. No dia que fomos visitá-lo, ele estava fechado – uma pena.

Mercado das Mulheres – Zhenski Pazar

Este é o mais antigo mercado de Sófia. É onde se encontra de tudo, de roupas a frutas, legumes, condimentos exóticos, produtos agrícolas, carne fresca, lembrancinhas típicas da Bulgária e uma infinidade de coisas. E um detalhe: os preços são voltados para a população local.

Muito mais em Sófia

Sofia ainda tem monumentos, parques, pontes, ruas, praças, jardins e até cemitérios dignos de uma visita. A lista de opções é enorme. Subir até o pico da montanha Cherni Vrah, no verão, é um programa para todos – locais e visitantes. E passar o dia no South Park, um dos maiores parques de Sófia, pode ser inesquecível.

O que comer em Sófia

Para conhecer a culinária típica búlgara, não é preciso fazer força. Ela é servida por toda a cidade, em barraquinhas de rua, padarias, bares, bistrôs e restaurantes. Logo no café da manhã, temos a banitsa (баница), que na Bósnia é chamada de burek, uma massa folhada com recheios salgados diversos. Ainda na padaria, você pode experimentar o mekitsa, uma massa doce parecida com donut. A omelete búlgara é parecida com a que eu gosto de fazer: além de ovos, leva cebola, coentro, pimenta do reino e tomate.

As saladas são feitas com tomate, cebola, pimentão, pepino e muito queijo. Os búlgaros comem muita carne, especialmente, de porco e de cordeiro. E há lugar para batata, sopas quentes e geladas, frutos do mar oriundos do Mar Negro e frios, sem falar que o melhor iogurte do mundo é na Bulgária. Confesso que comemos muito bem em Sófia.

O que beber em Sófia

Ayran é uma opção. Trata-se de um iogurte salgado ralinho, que eles costumam beber no almoço, como se fosse água, suco ou refrigerante. Eles adoram. Rakia é outra bebida da região, um aperitivo, feito com uva, damasco, pera, ameixa ou outras frutas. Muitos búlgaros fazem a Raika em casa, especialmente, no interior do país. Nesse caso, o teor alcoólico pode chegar até a 70%. No inverno, os búlgaros costumam beber a Rakia aquecida com mel e pimenta preta. No verão, gelada.

Experimentar a comida e a bebida do país faz parte da viagem. Não volte de lá sem bebericar o Ayran e a Rakia. Mas não queira beber tanto quando os búlgaros, para não deixar de aproveitar tudo de bom que o país oferece.

Quanto tempo ficar

Há muito o que ver em Sófia. Acredito que cinco dias são suficientes para ver o básico. Mas se você quiser entrar no clima da cidade, aprofundar-se nos hábitos, explorar tudo o que a cidade oferece, fique uma semana e esta semana será inesquecível.