A visita ao Museu da Mulher Vietnamita, em Hanói, é um dos programas mais interessantes e concorridos da cidade. Lá, pudemos conferir a importância que as mulheres tiveram nas guerras, na manutenção das tradições, nas artes, no sustento da família e no dia a dia do país. Em todos os museus que visitamos, sempre havia uma ala dedicada a elas, o reconhecimento à força, à coragem e à determinação das mulheres do Vietnã.
O que você vai ler aqui, neste post:
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O Museu da Mulher Vietnamita fica numa das ruas mais antigas de Hanói, perto do Lago Hoan Kiem. Ele abre de segunda a domingo e a entrada custa 30 mil dong (em torno de 4 reais). Preferimos chegar cedo, já que este é um dos museus mais concorridos da cidade. Lá, constatamos o que víamos na rua, nos restaurantes, nos shopping e em todos os lugares: fotos, documentos e objetos que remetem a mulheres, de todas as idades, trabalhando – vendendo flores, frutas, carregando cestos enormes, dirigindo tuk tuk, nas casas de câmbio, nas lojas, enfim, na luta pelo dia a dia. Tive orgulho do gênero feminino.
Museu da Mulher Vietnamita: o que tem para ver
O Museu da Mulher Vietnamita, localizado em Hanói, é uma instituição dedicada a destacar os papéis, as conquistas e as contribuições das mulheres na história e cultura vietnamitas. Fundado em 1987 e inaugurado em 1995, este museu é gerenciado pela União das Mulheres do Vietnã e se tornou um dos museus mais significativos do país, tanto em termos culturais quanto educacionais.
A história do museu é profundamente enraizada na valorização e reconhecimento da importância das mulheres na sociedade vietnamita. Através de suas exposições, ele conta a história das mulheres desde os tempos antigos até a modernidade, mostrando suas participações em guerras, na vida familiar, em atividades culturais e nos movimentos sociais.
O museu possui três seções principais de exibição: ‘Mulheres na Família’, ‘Mulheres na História’ e ‘Mulheres na Moda’. Cada seção detalha os diferentes papéis das mulheres, desde líderes guerrilheiras que lutaram pela independência do país até influências nas tradições de vestimenta e moda vietnamitas.
Distribuídos em 5 andares, estão mais de 20 mil objetos de uso das mulheres vietnamitas: roupas, joias, posters, ferramentas de trabalho, enfim, tudo o que compõe o cotidiano das mulheres. É tudo muito bonito, colorido e organizado. Cada andar do museu é dedicado a um aspecto da vida da mulher, no país: casamento, nascimento, a vida em família, o trabalho. Os textos e as legendas são escritas em vietnamita, inglês e francês.
Museu da Mulher Vietnamita: Casamento
Nos rituais de casamento, a família do noivo desempenha um papel mais importante que a da noiva. As ocasiões mais importantes são o noivado, o casamento e a primeira visita do casal à família da noiva. A família do noivo costuma consultar adivinhos para marcar a data e a hora para os rituais. O casamento acontece na casa do noivo, onde eles vão morar.
vermelho é a cor do casamento
Museu da Mulher Vietnamita: o trabalho
Na colheita do arroz, que acontece duas ou três vezes por ano, muitas tarefas eram, tradicionalmente, realizadas por mulheres: a manutenção do campo, a aradura e a colheita. Agora, com as técnicas mais modernas, o trabalho está mais fácil. Era responsabilidade da mulher, também, a armazenagem de alimentos e a conservação, que podia ser secando ao sol, defumando, salgando, ou na gordura. As mulheres aprendiam, logo cedo, a cozinhar.
Museu da Mulher Vietnamita: tecelagem
Um dos destaques do museu é a coleção de trajes tradicionais, que não apenas mostra a estética e a arte do vestuário feminino vietnamita, mas também os simbolismos culturais e as histórias pessoais associadas a esses itens. Outro aspecto notável é a documentação das heroínas nacionais, cujas vidas refletem as transformações sociais e políticas do Vietnã.
Uma das tradições das vietnamitas é a tecelagem. Cabia aos homens fazer os teares e às mulheres, cultivar o algodão, tecer o pano e costurar para toda a família – o trabalho pesado. As mulheres costumavam costurar os seus próprios vestidos de casamento, além dos presentes para a família do noivo (travesseiros, roupa, cobertores e tecidos). Em muitos grupos, elas eram avaliadas pela quantidade e qualidade do que produzia. Hoje, elas usam as máquinas de costura.
Filhos
Até hoje, as mulheres de muitos grupos vietnamitas apelam para os deuses, quando não conseguem ter um filho. Elas costumam ir a um pagode ou templo e pedem um amuleto para usar até engravidar. Para os vietnamitas, a recuperação de um parto é muito relativa: em alguns lugares, leva, mais ou menos, um mês. Em outros, 3 meses ou mais. E há quem ache que essa recuperação leve menos de uma semana. Durante o resguardo, as mulheres seguem uma dieta rigorosa, com muita papaia e banana, que promovem a lactação. O quarto da mãe deve permanecer quente, que eles conseguem colocando recipientes com brasa embaixo da cama, e purificado por ervas especiais.
No norte, as crianças usam uma espécie de maiô para protegê-las do frio, e bonés, lindamente decorados e dotados de amuletos contra os maus espíritos.
Força e coragem
Para os vietnamitas, a batalha pela reunificação do país não poderia ter sido realizada sem o sacrifício da mulher. Elas perderam maridos e filhos, pegaram em armas, lutaram como podiam. Em 24 de setembro de 1994, o Comitê Permanente da Assembleia Nacional concedeu o título honorário de “Mães heroicas do Vietnã” à mulher que havia perdido mais de dois filhos, o único filho, o marido e os dois filhos ou sua própria vida e os dois filhos. Em dezembro de 2008, quase 50 mil mulheres receberam o título – alguns póstumos. Algumas delas também receberam o título de “Herói das Forças Armadas Populares”. Além do título, elas também receberam casa e pensão.
A moda
O algodão é o tecido mais popular e preferido dos 54 grupos étnicos do Vietnã. A seda natural é reservada para aos trajes festivos e elegantes. As roupas étnicas, com seus padrões e motivos, são feitas de tecidos coloridos, tingidos e requerem técnicas complexas de costura. Cada grupo pode ser reconhecido pela indumentária, que reflete a identidade e o ambiente daquele povo. O Yao e o Phula preferem o bordado; O Lolo, o applique; o Hmong, o batik. As roupas são feitas à mão, com uma criatividade e um senso de estética surpreendente.
Ornamentos e dentes
Até um dia desses, meados do século 20, homens e mulheres pintavam seus dentes de preto, com resina de árvore. Eles queimavam ramos de árvores para extrair a resina e adicionavam água, para tornar a resina pegajosa. À noite, antes de ir para a cama, aplicavam 3 ou 4 camadas nos dentes limpos. Dois ou três dias depois, o processo era repetido para garantir que os dentes ficassem bem pretinhos. Esse era o critério da beleza feminina. As meninas começavam cedo, aos 12 ou 13 anos. Agora, apenas algumas mulheres idosas têm dentes pretos.
Museu da Mulher Vietnamita: exposições e projetos
Além das exposições permanentes, o Museu da Mulher Vietnamita desenvolve projetos sobre temas do universo feminino. Quando estive lá, o assunto era o envelhecimento. A participação de estudantes também é bem-vinda e as escolas marcam presença.
Respostas de 20
Mais uma vez, parabéns pela qualidade do blog, Sônia. Cada diz melhor e mais relevante. Como jornalista “da terra”, fico à vontade pra dizer: infinitamente melhor do que tudo o que se faz na terrinha. O segundo lugar, não em turismo especificamente, mas em jornalismo de maneira geral, está a anos luz do seu profissionalismo, talento e compromisso ético. Hoje de madrugada, vendo um maravilhoso programa chamado Grandes Jornadas Ferroviárias, no Vietnam, voltei ao seu blog para daqui a pouco passear novamente pelo mergulho que vc fez na região, na antiga Indochina. O Existe Algum Lugar no Mundo precisa romper as fronteiras territoriais da província e ganhar o mundo. Tenho dito.
Luciano, seu comentário me deixa muito feliz! Muito obrigada por essas palavras generosas e por prestigiar o blog.
Sua audiência super qualificada me deixa mas que feliz!
Um grande abraço!
Que bacana essa super dica de passeio cultural no Vietnã! Estou impressionada com a cultura feminina vietnamita. Incrível ver os diferentes padrões de beleza nas diferentes culturas e em diferentes tempos. Quem diria, dentes escuros serem moda no passado. Muito interessante o Museu da Mulher Vietnamita em Hanói.
Deyse,
Eu adorei visitar esse museu. As mulheres vietnamitas são muito interessantes, assim como a cultura em torno delas
Que bacana e diferente esse museu da mulher vietnamita , adorei o post, pois se trata de uma cultura tão diferente da nossa, como o casamento por exemplo. Me senti orgulhosa como você lendo seu post. Parabéns!
Hebe,m muito obrigada!
Pois é, uma cultura tão diferente… assim que soube desse museu, coloquei na minha lista.
Um abraço grande pra você.
Sonia, mais uma vez agradeço por tanta informação de qualidade. Fiquei muito emocionada com a história que li e que você viu no museu da mulher vietnamita. Incríveis histórias de mulheres fortes, trabalhadoras, guerreiras, mas que também gostam de moda, e cumprem muitos rituais de sua cultura. Realmente uma aula incrível. Parabéns.
Muito obrigada, Norma.
Nós, mulheres, somos muito fortes, né? Temos rotinas pesadas, exigências… mas damos conta de tudo! E essas mulheres vietnamitas são incríveis, aguentaram muita coisa e continuam firmes e fortes.
Parabéns pelo post sobre o Museu da Mulher Vietnamita em Hanoi. Foi muito interessante aprender um pouco mais sobre a trajetória tão sofrida e a importância das mulheres na sociedade Vietnamita.
A mulher vietnamita tem uma trajetória importante na vida do país, merece todas as homenagens!
Agora que o Vietnam reabriu eu estou planejando minha viagem para lá e mal posso esperar para conhecer todas as atrações de Hanói e o Museu da Mulher Vietnamita. Obrigada pelas dicas!
Marcela,
O Vietnam é um país encantador… de uma delicadeza… você vai amar, tenho certeza!
Que maravilha esse Museu da Mulher Vietnamita! Suas matérias me inspiram.
O museu é muito apropriado. As mulheres vietnamitas têm história.
Que importante ter um museu para deixar registrado o importante papel da mulher vietnamita na história do país. Adorei seu relato.
Angela, concordo com você. A gente precisa deixar registrado o papel da mulher nas sociedades. E a mulher vietnamita merece esse destaque.
Obrigada pela mensagem!
Grande abraço.
Adorei saber mais sobre o museu da mulher Vietnamita, quantas coisas aprendemos com seus posts. Muito obrigada por compartilhar conosco
Hebe, obrigada pelo comentário!
Nossa, fiquei surpresa em saber que a mulher no Vietnã fosse tão ‘reconhecida’, infelizmente diante de uma sociedade machista mundialmente falando, temos que vangloriar quando nos deparamos com um lugar que valoriza os feitos independente do gênero. O Museu da Mulher Vietnamita estará no meu roteiro sem dúvida.
Realmente, eles reconhecem a força da mulher e a participação delas na guerra.