Piranhas é um destino alagoano festejado, repleto de belezas naturais e uma história que remonta ao período colonial brasileiro. Apelidada de Lapinha do Sertão, por D. Pedro II, quando visitou o município em 1859, Piranhas é a prova de que nem só de praia vive Alagoas, uma vez que é o terceiro município mais visitado do estado. Só fica atrás de Maceió e Maragogi.
Estivemos em Piranhas em julho de 2024, por 3 dias e aqui, divido com você o que nos encantou na cidade, além do que fazer, onde se hospedar, o que comprar, onde e o que comer.
O que você vai ler aqui, neste post:
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Piranhas está localizada no estado de Alagoas, região Nordeste do Brasil. Especificamente, às margens do Rio São Francisco, na divisa com o estado de Sergipe, a 290 quilômetros de Maceió e a 207 quilômetros de Aracaju.
Como chegar a Piranhas
Saindo de Aracaju, é pegar a BR 235, passando por Itabaiana, Ribeirópolis, Nossa Senhora da Glória e Poço Redondo. São pouco mais de 3 horas de carro. De Maceió, pela AL-220, passando pela Barra de São Miguel, Arapiraca e São José da Tapera.
Se você vai chegar de avião, é escolher entre o aeroporto de Aracaju ou o de Maceió. Aproveite para conhecer ou revisitar uma das duas. Ou as duas.
Quanto tempo ficar em Piranhas
Nós passamos 3 dias e acho que foi o suficiente para conhecer a cidade e aproveitar o que ela oferece de melhor. Se você quiser fazer os passeios oferecidos, ao redor, é preciso ficar, pelo menos, uns 5 dias – Cânions do Xingó, Ilha do Ferro, Entremontes, Grota do Angico.
Piranhas
Fundada em 1831, a cidade foi pano de fundo para um movimento que tomou conta de boa parte do nordeste brasileiro, o cangaço. Dois episódios confirmam: em 1927, a cidade foi invadida por Lampião e seu bando para resgatar um dos seus membros. Este acontecimento fico conhecido como o “Ataque a Piranhas”. Em 1938, as cabeças de Lampião, Maria Bonita e mais 9 cangaceiros foram expostas na cidade, depois de terem sido mortos na Grota de Angicos.
Mas foi com suas belezas naturais e arquitetônicas e localização privilegiada, às margens do Rio São Francisco, que Piranhas ganhou o coração de quem a vista, chegando a ser cenário para novelas e filmes como Bye Bye Brasil, Baile Perfumado e Cordel Encantado.
Piranhas tem em torno de 25 mil habitantes, e foi a primeira cidade do semiárido a ser tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). O seu desenvolvimento se deu em torno do comércio e da navegação pelo Rio São Francisco, mas prosperou, especialmente, com a criação de gado e, posteriormente, com a chegada da Hidroelétrica de Xingó.
Nos fins de semana, feriados e férias, a cidade enche de gente. Mas Piranhas oferece hospedagem para todos os bolsos e restaurantes que atendem os paladares mais exigentes.
O que fazer em Piranhas
Embora pequena, a cidade oferece muitas opções do que ver e do que fazer. Abaixo, enumerei alguns bons motivos para você se programar e conhecer Piranhas.
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Centro Histórico
As casas coloniais coloridas e as ruas de pedra e de paralelepípedos são a grande atração da cidade e fazem do centro histórico, uma viagem no tempo. Igrejas, restaurantes, bares, café, museus esperam pelos visitantes.
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Igrejas
Piranhas possui várias igrejas históricas que valem a visita, como a Igreja de Nossa Senhora da Saúde, consagrada à esta santa e que também é a padroeira de Piranhas. Trata-se de um dos marcos históricos e religiosos mais importantes da cidade. Construída no século XIX, em estilo colonial, ela é considerada um patrimônio cultural. Confira a foto do site www.turismo.piranhas.al.gov.br
Igreja de Santo Antônio de Lisboa
Construída no século XVII, tudo no seu interior é original. Lá estão os restos mortais do fundadores da cidade. A igreja é permanentemente fechada. Quando alguém se interessa em conhecê-la por dentro, é só chamar na casa vizinha. Nós fizemos isso e valeu a pena. É a igreja mais linda de Piranhas, na nossa opinião.
Igreja do Senhor do Bonfim
Fica também no alto. Para chegar lá, é preciso vencer 316 impiedosos degraus – para os nossos joelhos. Por causa dessa dificuldade, declinei. Mas encorajo outros viajantes a conhecê-la. Lá em cima, só existe a igreja e um terraço. E mais nada. Portanto, vá preparado. Leve água, especialmente, se estiver quente.
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Mirante Secular
Do lado oposto ao Mirante da Igreja do Senhor do Bonfim, fica o Mirante Secular, construído em 1881. Para visitar o mirante, também precisamos subir 365 degraus. Mas existe a opção de chegar lá de carro – para a nossa alegria. Lá em cima, tem algumas lojinhas e o restaurante Flor de Cactus, onde almoçamos, no primeiro dia. Antigamente, essa estrutura que mais parece uma pagoda tailandesa, funcionava como farol
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Torre do Relógio
Ao lado da estação ferroviária, fica a Torre do Relógio, construída em 1879. Além da sua importância histórica, a estética da torre chama a atenção de quem passa e dá um colorido especial à cidade.
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Casa do Patrimônio
Bem ao lado da Torre do Relógio fica esse espaço que abriga uma exposição de barcos utilizados na navegação do Rio São Francisco. Na verdade, réplicas em miniatura. Os barcos são muito bonitos e típicos da região. Vale a visita, que é grátis.
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Museu do Sertão
Inaugurado em 2001, o museu está situado em um lindo e bem conservado prédio histórico que já abrigou a antiga estação ferroviária da cidade. Em exposição, uma rica coleção de artefatos que retratam a vida no sertão, incluindo utensílios domésticos, ferramentas de trabalho, vestimentas típicas e objetos relacionados ao cangaço.
O museu também mostra a trajetória dos sertanejos e a luta com a seca, o clima e a geografia. Também há espaços dedicados à música, à literatura de cordel e a outras expressões culturais características do nordeste brasileiro. Em destaque, a vida e as atividades dos cangaceiros, capitaneados por Lampião, Maria Bonita e seu bando, cuja participação deixaram marcas profundas na história da região.
Neste momento, o museu está sendo restaurado, portanto, fechado para os visitantes. Uma pena.
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Passeios de barco pelo Rio São Francisco
O passeio de barco pelo Rio São Francisco é uma programação que ninguém deve dispensar. As águas verdes-esmeralda do rio são um chamariz, especialmente, se o dia estiver quente. Na prainha da cidade, você pode contratar um passeio para ver outras cidadezinhas, vilarejos e povoados interessantes.
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Visita ao Cânion do Xingó
Este passeio, que também pode ser feito a partir de Sergipe, você não pode deixar de fazer de jeito nenhum. Sobre ele, escrevi um post específico com todas as dicas. Além de apreciar a beleza das formações rochosas, o passeio inclui paradas para nadar.
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Caminhadas Ecológicas
Piranhas e região oferecem diversas trilhas ecológicas. Um exemplo é a Trilha do Talhado, que oferece vistas incríveis do Rio São Francisco e do cânion.
10. Entremontes
A 18 quilômetros de Piranhas fica um vilarejo de rendeiras e pescadores, de 700 a 1000 habitantes e grande parte deles se dedica a essas atividades. Nós pegamos uma estrada de terra (mas em boas condições) para chegar a Entremontes e o que encontramos foi uma bucólica vila às margens do São Francisco, com casinhas coloridas e muitas delas abertas para vender os bordados e rendas produzidos pela população: toalhas de mesa, guardanapos, passadeiras, vestidos, camisas e blusas de linho, bordadas com rendedê e ponto de cruz.
O que comprar em Piranhas
Com a globalização, sejamos sinceros, o artesanato se repete, seja no norte, no nordeste ou no sul do país. E mesmo mundo afora. O que a gente vê na Rússia é facilmente encontrado na Turquia, por exemplo. Mas em Piranhas, é possível encontrar um artesanato genuíno e de boa qualidade e design. De acordo com o Programa de Artesanato Brasileiro, Alagoas reúne, aproximadamente, 14 mil artesãos, o que torna o estado de Alagoas uma referência neste quesito.
No Centro Histórico, eu encontrei várias lojinhas de artesanato, com peças bem originais, que traduzem a cultura e os hábitos locais. Mas eu destaco o Centro de Artesanato, a Cafundó e, na cidade nova, a Lagoa da Canoa. Ficou bem difícil escolher um pedacinho de Piranhas para levar para casa.
A noite em Piranhas
Como toda cidade pequena, Piranhas reúne morados e visitantes em um só lugar, com pequenas variações. O que eu vi é que as pessoas se dividem entre a Cachaçaria Altemar Dutra e a Rota do Chico – Centro Gastronômico, mas sobre isso, eu falo neste post, aqui.
Onde ficar em Piranhas? Veja este post exclusivo – hotéis e pousadas para todos os gostos e bolsos.
Considerações finais
Posso dizer que Piranhas é um destino que viajantes de todas as partes do mundo se encantam – seja pela história, cultura, gastronomia ou animação. O cantor Altemar Dutra era apaixonado pela cidade. Por isso, a gente encontra Rodovia Altemar Dutra, Cachaçaria Altemar Dutra, estátua de Altemar Dutra na orla que leva o nome do cantor, pizzaria, lanchonete, tudo com o nome dele. Ele era um assíduo frequentador da cidade, onde fez muitos amigos e para onde voltava, sempre que podia.
Altemar Dutra tinha toda razão. Quem Conhece Piranhas se apaixona pela cidade e quer voltar mais vezes. Eu vou voltar e você, vai conhecer a cidade, depois desse post?
Respostas de 6
o mesmo detalhamento , empatia e olhar dos roteiros internacionais q vc publica.
sedução por ricos recursos linguísticos e a simplicidade / talento de garimpeiro . obrigado .
Piranhas é pura inspiração!
Lugar maravilhoso de se conhecer. Parabéns por descrever em detalhes essa experiência imperdível.
Disse tudo, Eduardo, Piranhas é uma experiência imperdível!
Legal, Sônia! Bom descobrir destinos interessantes e bem próximos de nós. Vou considerar uma visita a Piranhas!
Vale muito a pena, Rosina.