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Cemitérios – quem disse que lá é só tristeza?

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Père-Lachaise
Père-Lachaise

Pode parecer mórbido, mas os cemitérios também fazem parte dos roteiros turísticos, mundo afora. E o que têm os cemitérios de tão atrativo? De um modo geral, celebridades! Mas, outros motivos, como as obras de artes, a curiosidade popular e a devoção também são responsáveis pelo fluxo de turistas.

Cemitérios: Cemitério Père Lachaise, em Paris
Entrada principal do Cemitério Père Lachaise, em Paris

Cemitérios: Père-Lachaise

Em Paris, este é um cemitério concorrido, recebe mais de 3 milhões de visitantes por ano e é um dos lugares mais visitados da capital francesa. Concebido pelo arquiteto Alexandre-Theodore Bronqniart, em 1803, ele já passou por 5 ampliações. E cresceu de 17 para 44 hectares. O nome é uma homenagem a François d’Aix de La Chaise, confessor do Rei Luís XIV.

Cemitérios: Uma das lindas alamedas do Cemitério Père Lachaise, em Paris
Uma das lindas alamedas do Père Lachaise

Inauguração

Em  maio de 1804, o Père-Lachaise foi oficialmente inaugurado, mas não foi muito bem aceito pela população, por causa da localização – na época, foi considerado distante do centro da cidade. Só depois que ossadas famosas chegaram ao cemitério, é que os parisienses aceitaram o novo endereço para a morada final. 

Como chegar

Hoje, chega-se lá de metrô, facinho, facinho. E o passeio vale a pena! Algumas horas passeando naquelas alamedas arborizadas mudam o nosso humor, o nosso comportamento. Saímos de lá mais calmos, em paz.

Cemitérios: Père-Lachaise
Père-Lachaise, o lar de Molière e Lafontaine

Estilo é tudo!

São mais de 70 mil sepulturas nos mais variados estilos – Barroco, Neoclássico e Gótico. Mais de 33 mil são classificadas como monumento histórico. Lá, estão sepultados os escritor Honoré de Balzac, o artista plástico Modigliane, o compositor Frédéric Chopin, o cantor Jim Morrison, a cantora Édith Piaf, e o pai do espiritismo, Allan Kardec, entre outros tantos, tão famosos quanto. Para a visita, o cemitério oferece uma mapa, logo na entrada. Prepare-se para gastar o sapato!

Cemitérios
O compositor descansa com vizinhos ilustres
Cemitérios: O túmulo do escritor francês Marcel Proust
O túmulo do escritor francês é muito visitado até hoje
Cemitérios: Túmulo de Jim Morrison no cemitério Pere Lachaise, em Paris, França
Há quem duvide que o corpo do cantor permaneça neste túmulo

Cemitérios: Consolação, em São Paulo

O Cemitério da Consolação também tem as suas celebridades e encantos. Trata-se do mais antigo cemitério em funcionamento na cidade de São Paulo, e uma importante referência em se tratando de arte tumular.

Fachada do Cemitério da Consolação, em São Paulo
Fachada do Cemitério da Consolação, em São Paulo

Inaugurado em 15 de agosto de 1858, o Cemitério da Consolação mudou o hábito da população, que costumava enterrar seus mortos em igrejas e adjacências. A partir daquele momento, todos, de todas as classes sociais, passaram a ser enterrados ali, no Cemitério da Consolação.

Status

Só a partir do século XX, em função do loteamento dos terrenos de jazigos perpétuos pela Prefeitura, é que as coisas mudaram. Desde então, a alta classe média paulistana instituiu o cemitério como endereço final. E para dar continuidade ao status do morto, caprichavam-se nos jazigos.

Cemitérios: Túmulo de Olívia Guedes Penteado no Cemitério da Consolação
O túmulo de Olívia Guedes Penteado, grande incentivadora do Modernismo no Brasil. Foto: Wikimedia Commons

Passeando pelas alamedas, dá para perceber o luxo, a sofisticação, a suntuosidade de túmulos e mausoléus, e constatar a competição entre as famílias mais ricas, que utilizavam materiais nobres, como mármore e granito para dar vida à criatividade de artistas como Victor BrecheretLuigi Brizzolara, especializados, e muito bem sucedidos nesse setor.

Cemitérios: o anjo, de Brecheret
A estética inconfundível de Brecheret
Cemitérios: Luigi Brizzolara
A arte tumular de Luigi Brizzolara, para a Família Machado

O trabalho deles está espalhado no Cemitério da Consolação, onde estão enterrados Monteiro Lobato, Tarsila do Amaral, Campos Sales, Mário e Oswald de Andrade, a Marquesa de Santos, Washington Luís, Marquês de Itu, entre outras ilustres personalidades.

Cemitérios: O Túmulo da Marquesa de Santos, no Cemitério da Consolação, em São Paulo
O Túmulo da Marquesa de Santos – Domitila de Castro Canto e Melo
Cemitérios: O túmulo do escritor brasileiro Monteiro Lobato
O túmulo do escritor brasileiro Monteiro Lobato
Cemitérios: O túmulo da artista plástica Tarsila do Amaral
O túmulo da artista plástica Tarsila do Amaral

Numa visita ao Cemitério da Consolação, o mausoléu da Família Matarazzo não deve ser ignorado. Ele impressiona pelo tamanho. São 25 metros de altura, entrando pelo subsolo, o que equivale a um prédio de 3 andares, e ocupa uma área de 150 metros quadrados – o maior da América latina. A obra é de autoria do escultor italiano, Luigi Brizzolara.

Cemitérios: Mausoléu da Família Matarazzo, no Cemitério da Consolação, em São Paulo
A arte de Brizzolara para a Família Matarazzo

O Cemitério da Consolação é grande, mas dá para localizar os túmulos da sua preferência com o mapa ou agendado uma visita guiada. 

Cemitérios: Arlington

O Cemitério Nacional de Arlington fica do outro lado do rio que corta a cidade, o Potomac, próximo ao Pentágono, e é visita obrigatória de quem vai a Washington DC. Trata-se de um cemitério militar, de 253 hectares, onde estão enterrados mais de 300 mil soldados mortos em guerras travadas pelos Estados Unidos, desde a revolução americana, e pessoas que serviram à nação, como os astronautas, por exemplo.

Cemitérios: Cemitério Nacional de Arlington
O Cemitério Nacional de Arlington – a paz e beleza dos cemitérios americanos.

Cemitérios: Paz e beleza

O espaço é lindo, gramado a perder de vista, com as lápides iguais e brancas, numa simetria incrível. Colinas verdes, árvores majestosas e um conjunto diversificado de plantas ornamentais servem como pano de fundo a este santuário nacional. São mais de 8 mil árvores nativas e exóticas, que dão beleza e uma sensação de paz ao lugar.

Cemitérios: Celebridades

Logo na entrada, fica o túmulo do Presidente John Kennedy, um dos mais visitados do cemitério. Ao seu lado, a primeira dama Jacqueline Kennedy, e o irmão, Senador Robert Kennedy. No local, tem uma pira que permanece acesa desde 1963, quando o presidente Kennedy morreu. 

Cemitérios: Os túmulos de John e Jack lado a lado no Cemitério Nacional de Arlington
John e Jack lado a lado no Cemitério Nacional de Arlington

Cemitérios: Túmulo do Soldado Desconhecido

No mesmo cemitério, outro local muito popular e visitado por turistas e americanos em geral é o túmulo do Soldado Desconhecido, onde estão os restos mortais de 3 soldados não identificados. Os soldados representam todos aqueles que foram mortos na Primeira Guerra Mundial, Guerra da Coreia e Segunda Guerra Mundial, e não foram identificados. Uma guarda de honra do exército americano permanece no local 24 horas por dia. A troca de guarda acontece de hora em hora.

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Memorial Amphitheater

As cerimônias fúnebres oficiais do país são realizadas no Memorial Amphitheater – além das celebrações do Memorial Day, Páscoa e Veterans Day, e são prestigiadas por muita gente. No espaço, lindo, grande e muito branco, feito com mármore importado da Itália, cabem 1500 pessoas, mas nessas ocasiões, costuma ficar lotado. 

O Amphitheater do Cemitério de Arligton
O Amphitheater se torna pequeno em dia de festa

 

Há muito o que ver nesse cemitério. São 70 seções que contemplam todos aqueles que prestaram serviço ao país, como as enfermeiras e os capelães militares católicos, judeus e protestantes, de quatro guerras.

Chaplains Memorial Hill no Cemitério de Arlington
Chaplains Memorial Hill é um dos muitos lugares de paz e contemplação

Confederados e ex-escravos

Para os soldados confederados, que foram enterrados em casa e em vários outros locais – também existe um espaço. A transferência dos restos mortais desses soldados para o cemitério foi autorizada pelo Congresso Americano, em 1900.

Diferenças

As lápides dos soldados confederados são pontiagudas em vez de arredondadas, como as demais. Lá, também estão enterrados mais de 3.800 ex-escravos “contrabandeados” durante a guerra civil. Em suas lápides, eles são designados com a palavra “civil” ou “Cidadão”.

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A lápide de um ex-escravizado
A lápide pontiaguda de um confederado, no Cemitério de Arlington
A lápide pontiaguda de um confederado

Cemitérios: Memoriais

Ainda podem ser vistos, no Cemitério de Arlington, os memoriais do voo 103 da PanAm, das enfermeiras mortas na Primeira Guerra Mundial, dos astronautas dos ônibus espaciais Challenger e Columbia, das vítimas do ataque ao Pentágono, em 11 de setembro de 2011, entre outros.

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Nurses Memorial
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Space Shuttle Challenger Memorial
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PanAm Flight 103 Memorial
Memorial das vítimas do ataque ao Pentágono em 11 de setembro
Memorial das vítimas do ataque ao Pentágono em 11 de setembro

A visita ao cemitério deve começar pelo Welcome Center, logo na entrada. Ali, onde há um serviço de informação, com mapas, uma livraria e banheiros, também podem ser vistas exposições e exibições que contam a história do cemitério e sua importância para o país.

Cemitérios: Cemitério da Recoleta

O Cemitério da Recoleta foi fundado pelos monges franciscanos, Los Recoletos, em 1822. Ele fica num bairro nobre, La Recoleta, em Buenos Aires, Argentina. Também é um dos mais visitados do mundo. Assim como os outros, a fama vem do luxo dos túmulos, das obras de arte e, claro, das celebridades do mundo político, militar, cultural, artístico – da capital argentina.

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Um cemitério para poucos

Atualmente, são poucos os enterros, em função do pouco espaço livre e do valor do terreno, que é o metro quadrado mais caro de Buenos Aires. Entre as muitas celebridades sepultadas ali, estão a ex-primeira dama Eva Perón, o ex-presidente da Argentina Bartolomé Mitre, e o ganhador do Prêmio Nobel da Paz, Carlos Saavedra Lama. Sem dúvida alguma, o túmulo de Evita é a atração principal. 

O túmulo de Evita no cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, Argentina
O túmulo de Evita é o mais visitado de todos

Cemitérios: curiosidades

Os mausoléus do Cemitério da Recoleta guardam muitas histórias curiosas, como a de Liliana Crociati, que morreu durante sua lua de mel, em Innsbruck, na Áustria. Os pais tentaram reproduzir o quarto dela, com ela vestida de noiva, na entrada, com o seu cachorro de estimação, Sabu, que morreu no mesmo dia que ela.  

A escultura de Liliana Crociati com seu cachorro Sabu.
Liliana Crociati com seu cachorro Sabu.

David Alleno

Outra lenda é a de Davi Alleno, que encomendou o próprio túmulo e, doido para tomar, posse, suicidou-se aos 40 anos de idade.

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O túmulo de David Alleno

Quem tem medo de cemitério?

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autor(a)

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Sônia Pedrosa

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comentários

Respostas de 6

  1. Verdade, para muitos os Cemitérios são lugares muito tristes e nem gostam de passar perto. Nós gostamos de visitá-los do ponto de vista turístico e histórico. Excelente texto e informações de tantos pontos de visitação.

  2. Adorei sua abordagem sobre cemitérios! Realmente mais que tristeza! Acabei de fazer um passeio pelo cemitério de Montevidéu. Foi guiado, uma verdadeira aula!

    1. Angela, também achamos muito interessante conhecer os cemitérios dos lugares aonde vamos… tem quem ache mórbido, mas eu gosto e recomendo. Faz parte da visita a uma cidade, não é, mesmo?
      Obrigada pelo comentário.
      Grande abraço.

  3. Muito interessante esse seu olhar diferente para um local onde todo mundo associa a tristeza. Eu tb pensava assim, mas depois que visitei alguns com olhar turistico, te confesso que mudei minha visão com relação a visitar cemitérios.

    1. Hebe,
      Os cemitérios têm muitas obras de arte e também é um ambiente de paz. Gosto disso.
      Na verdade, tudo depende do nosso olhar, não é mesmo?

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